Ora ainda falando sobre a minha viagem que já foi há um mês atrás (parece que estou a vivê-la como se fosse hoje! Como é possível…), e que, como sabem, teve como destino a Bélgica e a Holanda. Já vos relatei tudo o que se passou por Bruges e Bruxelas, porém, e fugindo um bocadinho à regra, hoje falar-vos-ei da minha experiência em Antuérpia e Roterdão, duas cidades que quase foram visitadas de relâmpago, começando precisamente pela primeira cidade.

Antuérpia, para quem não sabe, situa-se ainda em território Belga, e é nada mais, nada menos, do que a capital da Flandres. Uma cidade com muito movimento e comércio (é possível ver-se lojas como a Urban Outfiters e a Forever 21 nesta região), e que de acordo com a mitologia, celebrada pela estátua em frente à prefeitura, a cidade tem o nome de uma lenda envolvendo um mítico gigante chamado Druon Antigone que morava perto do rio Escalda e exigia o pagamento daqueles que no rio navegavam. A todos aqueles que recusavam pagar-lhe, cortava-lhes uma mão e arremessava-a ao rio Escalda, porém, este gigante acabou por ser morto por Silvius Brabo, soldado romano, que se recusou pagar, envolvendo-se numa luta com ele. Depois de o matar, arremessou a sua gigante mão que lhe tinha cortado para o rio, daí o nome Antwerpen, do holandês hand (=mão) e wearpan (=arremessar). 

Apesar de irmos visitar outras cidades, ficámos alojados duas noites em Antuérpia, portanto pudemos conhecer a cidade à noite na nossa caminhada nocturna após o jantar, porém, só conhecemos a cidade à “luz natural” no dia em que íamos mudar de país, rumando assim em direção a Holanda. 

 

Fiquei alojada precisamente ao lado da Antwerpen Centraal Station, que se encontra devidamente representada acima em imagens que foram captadas durante a noite e outras à luz do dia, uma estação que passávamos diariamente e que nos permitia o acesso ao nosso hotel. Nesta estação, além de metro, podiam encontrar lá dentro comércio de diamantes (aos pontapés, digo-vos já) e lojas para pequenas compras (por exemplo a Yves Rocher). Outro ponto de referência que tivemos a oportunidade de deslumbrar, ainda que fosse só exteriormente, foi precisamente o MAS, um museu inovador que conta a história das pessoas, o passado, o presente e o futuro da cidade de Antuérpia e do Mundo.

Roterdão, a cidade que ofereceu resistência à invasão das tropas comandadas por Hitler, foi completamente desvastada por um bombardeamento do exército alemão por volta de 15 de maio de 1940, um feito que causara 900 civis mortos e mais de 80 mil desabrigados. Mais tarde (1951-1953), e para homenagear o evento, Ossip Zadkine representou um homem sem coração de braços erguidos para o céu em desespero e clamando por proteção, um memorial a essa destruição do seu coração, centro de Roterdão.

 

Quando se fala de Roterdão, ou melhor, quando me pedem uma para definir a cidade em uma palavra, a primeira que me ocorre é inovação, não fosse Roterdão uma cidade inovadora sob o ponto de vista arquetetónico, começando pelo ex-líbris da cidade: as casas cubo. Estas casas com uma inclinação de 45º e que estão pousadas sobre colunas hexagonais, são também facilmente denominadas de casas nas árvores ou casas palafitas e que foram desenhadas pelo arquiteto holandês Piet Blom nos anos setenta.

 

A ideia original, de serem construídas sobre colunas, serve para que o espaço sob os edíficios continue público e o conceito de telhado urbano (algo comum no país) foi inspirado por Le Corbusier. A casa cubo, por incrível que pareça, é constituída por três andares: a parte inferior que se denomina de casa de rua com cozinha e sala de estar, depois o céu da casa com um espaço para estudar e quartos, e finalmente a parte superior, uma cabine em forma de pirâmide, que foi concebida para jardins de inverno, varandas ou até mesmo um modesto jardim. A coluna hexagonal serve para entrada e escadaria para aceder à casa.

 

Ora quando vos disse que Roterdão era uma cidade muito ousada a nível arquitetónico, eu sabia do que vos falava! Nesta imagem estão a ver precisamente uma das muitas provas que lá existem. Este é um mercado ao ar livre, que podia ser perfeitamente normal e banal, só que não o é. Foram mais além do que todos esperavam: a cobrir este mercado estão habitações. Sim sim, habitações meus caros senhores e senhoras, até na mesmo na parte mais curvada do edíficio! De facto é uma maravilha e ideia genial.

E é com uma imagem captada sobre a ponte Erasmus que termino o presente post. Não percam o próximo onde falarei sobre a bonita e maravilhosa cidade de Amesterdão. Até lá, deliciem-se! 🙂